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Tuesday, November 18, 2014

EGOÍSTA 51 – POESIA



A revista Egoísta regressou o ano passado pelo Natal, com o número 51 após quase um ano de pausa. Regressou com o esplendor do ouro numa capa de brilho metálico, a remeter também para as festas do fim-de-ano, para as luzes festivas dos lugares onde se dança e comemora a entrada num novo ano. Abre-se ou reinaugura-se desatando uma fita, dourada também. Ao virar a primeira página deparamo-nos com uma mão cujo indicador aponta um poema de Sylvia Plath. Segue-se um magnífico conjunto de fotografias de Annie Leibovitz a lembrar o barroco de inspiração na técnica chiaroscuro de Caravaggio e, como tema, a época anterior, o Renascimento aludindo a cenas da poesia Shakespeariana, mais propriamente da peça Romeu e Julieta.

Uma fotografia de Maria João Gonçalves capta a gravidez nua a que dá o nome de “Todo o Amor”, após o que se procede à apresentação de todos os nomes de poetas e artistas da imagem que fazem parte desta mini-antologia.

Passemos então aos poetas:

1 – E começamos ao correr de riscos de Maria Teresa Horta em homenagem à Mulher Escritora num poema onde a escrita é uma forma de libertação e, ao mesmo tempo, detonadora de mudança.

2 – O minimalismo essencial de Eduardo Pitta numa síntese perfeita num poema de formato haiku.

3 – “Os dois de Lanzarote” é o poema de Armando da Silva Carvalho sobre o preço da Liberdade que é o exílio em homenagem a José Saramago e Pilar del Río.

4 – “O Vento do Vale” de Lu Yun é o poema que retrata a voz da terra, da folha morta, um poema de cores outonais, a acompanhar o ritmo da valsa lenta dos dias, em harmonia com as estações e com o Universo.

5 – “A Sombra Inicial” de Gastão Cruz traz o renascer do verde por entre o cinzento do betão, num acto de rebeldia da vida perante a morte. Ou o esforço titânico da “sombra inicial da vida que se afasta do nada”. E é isso que para o poeta define a poesia. Poema belissimamente ilustrado pelas plasticidade das fotografias de Christophe Jacrot.

6 – Também os “Passageiros” de Ricardo A. com fotografias que “roubam “ a Leonardo da Vinci a técnica do sfumatto esboça o traçado da ponte para o poema de António Ramos Rosa “É por ti que escrevo” retirado do livro O teu Rosto – uma sublime homenagem à Mulher, ao Amor e à Beleza do Universo.

7 – Adrienne Rich traz-nos “dentro do baú perdi a memória”, poema colorido por fotografias a sépia da autoria de Augusto Brázio, um poema onírico onde as memórias se entrelaçam com o sonho de uma língua matricial que una, religue todas as línguas. A eterna ambição da omnisciência, do conhecimento do Absoluto, algures entre o Amor e a Morte, em três actos.

8 – João Rui de Sousa oferece-nos um poema patchwork como se fosse construído a partir de letras, palavras recortadas dos jornais “O Relógio da Amizade”, poema de grande beleza cheio de nostalgia.

9 – O conhecido “Adeus” de Eugénio de Andrade mostra-nos a mais bela e eloquente forma de terminar uma relação. Um poema evocativo da beleza do passado, pintada com as cores da paixão, desvanecidas no “agora”.

10 – Fotografias habilmente trabalhadas com a técnica do “pontilhado” por João Vilhena criam um intermezzo visual a anteceder o poema de Helga Moreira que mostra as razões da persistência numa relação patológica, num poema de grande intensidade dramática...

11 – ...e Maria do Rosário Pedreira brinda-nos com a sua “Arte Poética” a que se pode perfeitamente chamar de “ a beleza de um amor no quotidiano dos pequenos gestos”.

12 – Manuel San Payo ilustra um poema disperso ao vento, de urzes e sombras, solidões em grafitte de Margarida Ferra nos deixas um poema de melancolia a soar como uma carta de despedida.

13 – E Fernando Pinto do Amaral desvenda-nos um “Segredo” ao (in)confidenciar o amor de uma álgida noite de Inverno.

14 – Entretanto, Rodrigo Prazeres Saias traz-nos mais um intermezzo, um conjunto de ilustrações a que chama de “Natureza Morta” que antecedem “A Vida”, poema de Nuno Júdice – criando um flagrante contraste semiótico, baseado numa relação de antonímia entre a composição poética e a composição visual que a antecede – um poema de movimento, de luzes e sombras que executam um jogo de encontros e desencontros extraído do livro Teoria Geral do Sentimento.

15 - Entretanto, Manoel de Barros usa a poesia para falar da relação das palavras com os silêncios...

16 – E António Cícero disserta sobre as declinações semânticas do grafema/fonema “guardar” num poema com o mesmo nome. Para “guardar” o signo na memória.

17 – “Bela Cidade” é o poema de João Camilo, a descrever uma cidade que poderia ser Lisboa, partindo para a indagação de um futuro que caminha, tal como as estrelas em direcção ao nada.

18 – “Morrer de Ingratidão” é o poema/soneto de Vasco Graça Moura, que a Egoísta inclui neste número em jeito de homenagem póstuma.

19 – Alex Kanevsky traz-nos mais um intermezzo visual com as ilustrações de uma colecção de obras suas chamada de “People and their bodies”, lembrando a pintura de Cézanne. As imagens surgem alternadas com as palavras de Rui Cóias “Caminho de Jardins” - dois poemas de desamor.

20 – Segue-se “A Pausa” de Antónia Pozzi, poema de libertação e nostalgia, retirado do livro Morte de uma Gestação, traduzido por Inês Dias.

21 – Hilda Hildst oferece-nos um poema de beleza, proporções e intensidade de tal forma próximo da Perfeição que se torna impossível descrevê-lo.

22 – Já António Saias atira-nos com uma pedra: um “Quartzo” que não é diamante e nos obriga a reflectir sobre o diferencial entre expectativas e realidade que leva à desilusão.

23 – Mais uma série de fotografias vem deliciar-nos a vista antes do próximo. Desta vez o tema é o mar e os barcos de pescadores que o atravessam e cuja magia é convertida numa escala de cinzentos pela mão de Pedro Cláudio. Mesmo antes da chegada de “A Pantera” de Rainer Maria Rilke, traduzida por Vasco Graça Moura a falar sobre a violência que é a privação da Liberdade para qualquer ser vivo.
24 – “Palavras Minhas” é o poema de Pedro Tamen mostrando como se lêem as palavras não pronunciadas que perpassam pela mente do ser amado.

25 – Jaime Rocha chega à Egoísta com um bouquet perfumado intitulado “Primeiro Ciclo dos Lilases”

que é como quem diz “o primeiro ciclo da morte”, com um je ne sais quoi de Pasolini.

26 – “Quem vem à Quinta-feira” é Filipa Leal com um poema onde paixões, privações e vida profissional se atravessam e por vezes se anulam, num eterno adiar da felicidade.

27 – “Ginjal” é o título que abrange um conjunto de fotografias de Helena Gonçalves, em mais um intermezzo a anteceder os últimos poemas desta edição começando pelo de Ana Luísa Amaral, um dos mais belos deste número da Egoísta – “das mais puras memórias: ou de lumes” – um poema de vida, de morte, de memória, amor e da eterna luta o horror da aniquilação, da dissolução, da destruição. Da Guerra. Poema feito de lume.

28 – Amália Bautista contribui para esta edição com uma quadra – que é um autêntico murro no estômago, uma provocação. A tradução é de Inês Dias.

29 – “Oslo” de Inês Dias é o poema da esperança, dos eternos sonhos adiados de quem corre atrás dos sonhos.

30 – Marina Tsvetáieva vem pela mão do tradutor Manuel de Seabra com um poema que poderia ser o fado e a história da Severa pelos bairros de Alfama ou da Mouraria-

31 – O último poema desta edição da Egoísta vem em prosa e é da Autoria de Fabiano Calixto. Um desfile carnavalesco da tragédia da condição humana de que é composta a vida e obra de sábio, artistas, filósofos e líderes carismáticos.


Espero que consigam adquirir este número da Egoísta, tendo em conta que é uma edição limitada, e um dos melhores números de sempre da Revista. Bem-vinda de volta, Patrícia Reis. E mais uma vez parabéns pelo excelente trabalho.


Cláudia de Sousa Dias

17-11-2014

1 Comments:

Blogger Claudia Sousa Dias said...

Gosto · · Partilhar
Madalena Ribeiro e Maria Manuel Viana gostam disto.

Madalena Ribeiro Tão rica e farta como uma mesa de Natal está a Egoísta
17 h

3:35 PM  

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